sábado, 30 de dezembro de 2017

Gostava de saber

Muitas vezes dou comigo a pensar como gostava e seria bom de ser capaz de me exilar num país distante, que não pudesse ser encontrado em nenhum mapa, numa ilha perdida num oceano qualquer, longe de tudo e de todos.
Mas amo, e amar é em si mesmo uma prisão, estou certo que toda feita de oiro e pedrarias, mas de onde não posso fugir de tal maneira estou amarrado a quem tanto amo. E não posso porque muito simplesmente não quero.
Resta-me isolar-me dentro de mim, como se dentro de mim houvesse de facto a tal ilha, perdida, num oceano qualquer. E há, estou convencidíssimo que há, e onde eu posso como Jorge Luís Borges, jogar aos infinitos, só eu e tu, uma eterna paciência, sentados a uma mesa que guardamos sempre dentro de nós, sempre com o mesmo pano por cima, as mesmas cartas e oh! maravilha, sempre o teu sorriso que adoro, os teus olhos azuis que me enfeitiçam há tantos anos, e essa mão que com a minha joga esse jogo que nunca acaba porque também nunca começou.
O jogo é esse, ser uma utopia, tal como a que Tomaz Morus imaginou a partir das descrições feitas por um navegador português chamado Rafael Hitlodeu, e que por não existir, não ter lugar senão dentro da sua imaginação -  e agora só dentro da minha - e a que por isso ele chamou Utopia.
Ao longo da História sempre houve utopias e muitas vezes foi através delas que o mundo se foi transformando, sendo outro mundo para que as gerações que nasciam pudessem também sonhar.
Mas eu não sou utópico, mas ucrónico. Não preciso de espaço mas falta-me o tempo. Ou o meu tempo ainda não chegou. Não sei, mas gostava de saber.

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