sábado, 2 de junho de 2007

De novo a Aventura, de novo a Diferença

O primeiro texto que aqui escrevi falava em aventura e em diferença. Pois hoje volto a esse tema, por duas razões:
A primeira prende-se com mais uma aventura que o meu Filho mais velho, o Miguel, vai fazer na próxima quinta feira, dia 7, e que é a de ir a nado todo o percurso - e diz quem sabe, de um mar muito picado -, entre as Berlengas e Peniche. Fá-lo por pura aventura e carolice, e com o bichinho de nadar que lhe ficou, desde que foi o seu desporto de eleição durante muitos anos e que coroou com representar Portugal nos Jogos Olímpicos de Barcelona. São 18 quilómetros a nadar e a dar tudo por tudo, para, apesar de ventos e marés tão difíceis, chegar a Peniche. Já fez outras coisas no género de que saliento os 25 quilómetros da travessia a nado entre as Desertas e o Funchal, onde, para alem de algum povo anónimo, o que de facto fez sempre Portugal maior, não estava ninguem a representar, já nem digo o Governo Regional, mas ao menos alguem a representar o Desporto Nacional . Se em vez de nadador desse uns pontapés numa bola, talvez tivesse honras de Estado. Talvez até alguem dissesse, com a falta de cultura cada vez mais notória em Portugal, que tinha sido um futebolista a provar que a Terra é uma bola, e que tanto Copérnico como Galileu tinham começado por dar uns "toques" nuns pequenos clubes de aldeia.
A segunda, tem exactamente a ver com a diferença, não só por ser um desporto e uma conquista verdadeiramente diferente, mas porque como é diferente e único, Portugal olha de lado, cada vez mais esquecido, e a querer limpar da nossa memória colectiva, que Portugal foi Grande, quando foi capaz da aventura da diferença, dando "novos mundos ao mundo", com a tenacidade e o espírito de aventura e de sacrifício, que me parace haver cada vez menos entre nós.
Claro que falo disto com o orgulho legítimo de ser Pai, mas tambem com a mágua de continuar a ver Portugal a não aproveitar e incentivar quem em Portugal se afirma pela diferença, que faz de uma aventura a conquista de si mesmo, como causa primeira, e depois a conquista de um olhar cada vez mais diferente sobre este mundo em que vivemos, tão mal, porque não nos aventuramos nem lutamos por ser diferentes e contribuir assim para um mundo melhor, onde se seja aplaudido, não porque se ganhem ordenados e outros rendimentos chorudos, mas tão simplesmente por se ser cada vez mais Homem, cada vez mais Pessoa.