quinta-feira, 2 de julho de 2009

acordei a pensar

Acordei a pensar. Como sempre. Já é vício.
E amigo que sempre fui de Dédalo, passeei-me pelo meu labiríntico sentir à espera de o encontrar. Mas não o encontrei. Quase nunca encontro quem procuro. Alguém me disse depois, ao ouvido, que ele tinha saído para ir sonhar mais à vontade formas e linhas para um outro labirinto qualquer.
E dei comigo a procurar dentro de mim o Ícaro que dentro de mim trago sempre, na intimidade de uma amizade feita de sonho e de luz, só nossa, e aventurei-me pelos céus e pelo meu Egeu interior, e louco de amores pela luz que me ofuscava, aproximei-me do Sol, que distraído de mim, pobre humano, me derreteu as asas e me precipitou nas águas, afogando-me de mar, de sonho, de azul.
E o meu grito fui buscá-lo a Goethe: mehr licht! Mas ninguém me deu mais luz, e fiquei com uma dor a atormentar-me o peito por já não te poder beijar.