segunda-feira, 20 de março de 2017

E preservei-te . . .

E preservei-te na memória, incapaz de te esquecer, porque sabia que no dia em que te esquecesse, passava a ser outro e teria que me reinventar. Tudo isso me assustaria e me voltaria a aproximar cada vez mais da memória que de ti tenho e que de mim queria que continuasses a ter.
E a memória começou a escorrer por mim abaixo e Chopin precisou de conhecer George Sand.
Depois eu próprio fui Beethoven e compus, nessa altura, o Hino à Alegria que era para se ter chamado Hino à Liberdade. Mas isso não me foi permitido e mais uma vez fui censurado! Fiquei sem liberdade e sem alegria. Apenas pude pensar.
E tu, meu amor, sentaste-te ao piano a tocar Schubert, e deixaste que na minha cabeça alguém cantasse uma das muitas lieds, penso que seiscentas, que ele compôs.
Foi quando fui pedir a Saltieri que me arranjasse um emprego estável na Capela Imperial dos meus sonhos.

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