segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Estar mais tempo

Todos os dias que por mim vão passando, me vão ensinando, que cada vez tenho que estar mais com os que mais amo, e não com aqueles para quem trabalho.
Sinto que a pouco e pouco, à medida que vou envelhecendo e me vou despedindo da vida, me tenho que ir desprendendo das coisas que na vida fui amontoando, e aproximando mais das pessoas que a pouco e pouco fui amando.
Vou-me dando conta que a vida não passa de um conjunto de experiências, onde as retortas, os bicos de Bunsen, os tubos de ensaio apenas me mostram cores e consistências diferentes enquanto os teus olhos azuis continuam sempre azuis
E vou guardando cada vez menos coisas, e as que conservo por serem mais especiais, só para dias festivos, agora passei a usá-las, a comer todos os dias no serviço de Companhia das Índias ou nos pratos que pertenceram aos últimos Reis de Portugal e que consegui ficar com alguns no leilão em Sigmaringen, e só bebo em copos de cristal, e só uso talheres de prata, brasonados ou monogramados. Para quê ter tudo guardado, para de repente deixar de os poder usar ou até de os ver?
Cada dia que passa, digo sempre para mim que é um dia especial, de festa, de reencontro com tudo o que durante a vida fui perdendo.

Sem comentários: