quarta-feira, 6 de julho de 2016

E sempre

E sempre que me sento ao piano do meu sentir, afloram-se-me ao peito paixões que tenho bem guardadas no fundo de mim, no fundo da minha alma, que nem sei onde ela está. E os meus dedos, são crianças inseguras, que se vão agarrando a tudo e a mim, para não caírem e não deixarem de partir sempre à descoberta de qualquer coisa.
E nasci. Como qualquer arroio ou regato ou rio que também nasce sempre em qualquer lado, eu nasci de uma lágrima que não fui capaz de conter e que começou a escorrer-me pela cara abaixo, como se fosse de facto a caminho de um mar que ma recebesse, aceitasse e agradecesse mais aquele pouco de água que, apesar de tão insignificante, também o alimentava. E senti que nunca mais era pequeno, porque passava a fazer parte daquela grandeza que me tinha aberto os braços e recebido.
"O próprio Deus culmina no momento presente, e não se tornará mais divino no decorrer das idades", dizia Teilhard de Chardin. Zeus não me condenou a mim, mas a Atlas, para suster o mundo com os ombros.

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