quarta-feira, 6 de julho de 2016

Difícil

Difícil foi dirigir uma orquestra, daquela vez que procurei encontrar uma saudável convivência entre Haendel, Mozart, Dvorak, Theodore Adorno, Wittgenstein e Iannis Xenákis, Picasso e Rembrandt e musica de jazz começada, segunda algumas opiniões , por Beethoven, e percursora do jazz actual.
Fiquei tão exausto e nervoso, que a única maneira que encontrei de dormir descansado foi não conseguir dormir.
E passeei-me pelos sítios como se fossem dias, e por dias como se fossem apenas sítios. Vivi o mais perfeito não lugar, pois só dentro de mim o mundo girava, e havia sol e lua, e música, e cores num arco iris todo a branco e preto, como o meu luto de ti.
Havia uma tristeza que me envelhecia a cara e as mãos, uma tristeza que gingava como naquela peça de Beethoven. Havia uma tristeza que me entrava pelos poros, me espezinhava os sentidos, e vivia numa periferia da minha própria maneira de ser triste.
O mundo atormentava-me e eu então fazia alianças comigo mesmo, contra esse mundo que não se cansava de me torturar. Mas no fundo sentia-me unido a mim, naquela intimidade e cumplicidade que só comigo conseguia ter, enquanto lia o Tractatus Logico Philosophicus e ouvia Xenákis e Haendel pensando como ele se teria sentido ao cegar.

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