quarta-feira, 13 de julho de 2016

E continuando

E continuando, fiz uma concessão à paráfrase e à traduzibilidade começando pela enésima vez a ler o Assim Falou Zaratustra enquanto pensava como Nietzsche que há homens que já nascem póstumos. Não posso dizer que conheça a fenomenologia de Zoroastro ou Zaratustra, como também é conhecido, nem como tudo assentava para ele no dualismo bem/mal, no mazdeísmo, Ahura Mazda, ou simplesmente Ormuzd, o bem e Angra Mainuyu ou Arimã, o mal. Há dentro de mim um fogo significante que me leva por ares e ventos até aos braços de Zamólxis, de quando Ovídio foi ostracizado para o país dos Getas, onde é hoje Constança no Mar Negro e lá morreu como conta Vintila Horia no seu Deus Nasceu no Exílio
E ando por aqui nesta luta que travo dentro de mim entre o homo sapiens e o homo demens. É isso, os meus Demónios confrontam-se muitas vezes com os meus Anjos da Guarda. Depois de S. Tomás de Aquino ter escrito a Suma Teológica, devia ter sido escrita uma Suma Diabológica, por um outro qualquer que não tinha que necessariamente também ter  nascido em Aquino.
Desde sempre que dei conta desse dualismo dentro de mim, o sapiens e o demens. Assim toda a minha vida foi feita de paradoxos, de permanentes cortes epistemológicos entre mim e mim mesmo. Um pensamento não se constrói de um dia para o outro. Leva anos e por muitos anos que ele leve a construir, acaba-se sempre por morrer com ele por construir. É a parte demens a interferir na parte sapiens e é também o permanentemente presente mito de Sísifo.
Fu, e tenho sido sempre Sísifo em acção ou em potência

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