terça-feira, 9 de setembro de 2014

Nunca

Nunca quis ser Fedra apaixonada por Hipólito, filho de meu marido, pois sou do tempo em que no teatro só podiam representar homens e por isso ter que se usar uma persona para mascarar o género.
Mas li com avidez Eurípedes, Séneca, Racine, e tantos outros, procurando sempre encontrar-me naquelas tragédias, tragígrafo de mim próprio, e ser por fim eu próprio a tragédia de não me conseguir encontrar.
A verdade é que prefiro andar eternamente à procura de mim, antegozando sempre esse encontro que no fundo não quero ter.

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