terça-feira, 9 de setembro de 2014

E penso

E penso em escrever versos à maneira de Alceu ou de Safo, de Lucílio ou de Horácio. Debruçar-me sobre a vida e sobre o amor, que sei serem ambos tão passageiros, mas sem deixar de sentir, no entanto, a chama abrasadora da criação, que me queima por dentro ao dizer-me, num murmúrio que só eu oiço, que é pela vida e pelo amor que aceitarei algum dia morrer. Serei então eu, e poderei dizer que vivi, embora com uma pena de mim, insistentemente agarrada a mim, e que me repete até à exaustão que " para tão grande amor, tão curta a vida".
E deixo-me adormecer nos braços de um Morfeu qualquer, envolto numa espécie de volúpia de sofrimento ou de gozo, ao tomar consciência que adormeço para nunca mais acordar.
A morte pode ter destas coisas: ser, por retorção dialética, vida.

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