Tenho ainda muitas coisas escritas à mão, à antiga, e em granel, à espera de vez para aqui vir parar. E tenho que começar a dar-lhes uma ordem, que é uma coisa que eu ainda não aprendi a fazer.
Mas como Artur Rimbaud, vou dando cores às letras e com as letras pinto telas em branco. Estas.
Depois é que lhes dou forma e é assim que mapeio o meu reino, como Wallenstein queria fazer. E não corro o risco de que o imperador Fernando II me condene à morte por alta traição.
Por isso sou um nómada que deambula pelas perguntas e ansiedades, nessa forma nova e cosmopolita de ser nómada, esquecido de quem descendo, e que nem a uma língua qualquer alguma vez me vou querer ligar.
Sou apenas um discreto herói da minha liberdade interior, por que tenho sempre de lutar, um desesperado do instinto, um agonista convicto de que assim me vou "da lei da morte libertando",
na luta por nada a não ser por mim, porque não sou nem quero ser, nenhum Garibaldi, nenhum Venizelos, De La Valera, ou Bismark, ou mesmo um dos que deu o grito de Almacave, ou outro qualquer desses que ficaram na história por lutarem pela independência ou pela unificação dos seus países, não, eu só me quero esquecer de mim, e das correntes que me atam a um leme de uma caravela que não sou eu. Quero poder ser outro, esse outro que trago sempre comigo, bem dentro de mim, nas minhas perguntas, neste meu querer sentir tudo, como um artista, que pinta, escreve ou esculpe aquilo que é e não o que os outros possam pensar que ele seja.
A ciência é lenta e sentir é tudo o que me resta, e ajuda a guardar bem dentro de mim o segredo da criação. E às vezes penso que é tudo o que tenho. Mais nada!
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