quarta-feira, 16 de julho de 2014

E sento-me

E sento-me numa pedra em forma de infinito. Olho para lá das coisas, mas ficam sempre coisas agarradas a mim, que não me largam nem dão descanso. E tudo o que vejo são carnes apetecidas, cheias de cor e bons cheiros, em imagens gastronómicas de um bom cabrito à padeiro ou de um arroz de lampreia em travessas de loiças finas. E há nisso tudo um erotismo avassalador, e no verdadeiro sentido da palavra, no Eros deus da vida.
E saboreio o que vejo e até preciso de um guardanapo para limpar os olhos, porque é nos teus olhos que vejo planuras e ao mesmo tempo arranha céus, de uma arquitectura de sons, imagens e movimentos, a caminho da verdade, do belo e do bom, neste drama existencial que é o mistério da vida, que nunca se conhece, nunca se sabe o que é, simplesmente se imagina.
E continuo sentado numa pedra em forma de infinito, à espera que o dia volte a nascer e já seja amanhã.

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