segunda-feira, 23 de junho de 2014

SEMPRE

Sempre fiz tudo para tentar tudo compreender. Tem sido quase obsessivo, quase uma loucura numa busca incessante e desordenada. Compreender, ir para além do que os meus olhos vêm, do que os meus pensamentos alcançam, do que os próprios astros me queiram dizer na sua linguagem cifrada.
No reino divino do silêncio, pergunto-me muito a sós comigo, em que é que eu afinal acredito, porque para poder acreditar tenho que compreender.
As pessoas com quem me vou cruzando vão-me dizendo coisas que não oiço, e sinto que há em mim sensações que não sinto.
Bate-me o coração a compasso, como se fosse o tiquetaque do relógio do mundo, síncrono e dialógico, como que a avisar-me sempre de que a perfeição que procuro só a poderei compreender na rigidez da morte.


Sou muito mais poeta do que homem de ciência. Sou muito mais um místico do que um activista, na confusão de ser um irrequieto anacoreta. E procuro a religião em tudo e de todas as maneiras. É quando penso que a ciência também é uma religião na sua permanente necessidade de religar conhecimentos e experiências feitos de todos os dias e de todos os momentos.
Mas olho o mundo como um artista, sobretudo como um poeta e observo tudo com todo o cuidado e a atenção de um analítico, e vou ligando as coisas umas às outras também como um historiador quando olha para a grandeza das coisas dentro das comparações dos tempos.
A minha vida é como um reino sem fronteiras, feito de espaços e amplitudes e da multiplicidade de me ser assim.

Sem comentários: