segunda-feira, 3 de junho de 2013

E ouvi um grito

E ouvi um grito que vinha detrás de umas dunas, quando me passeava pelas areias do Guincho, à candonga, à espera de encontrar algum tesouro arremessado à praia durante a noite.
Olhei com atenção e pus-me de ouvido à escuta. Mas nada, só o marulhar das águas e o dos meus pensamentos. Mais nada.
Tinha sido concerteza um grito que como uma bomba em vez de destruir, desconstruiu os meus pensamentos que vagabundos por ali andavam, nas areias da praia.
Mas a curiosidade cresceu e num impulso, fui vêr. Tinha sido o vento, a alertar-me de que pisando como pisava a areia daquela maneira, inconsciente e neutro, sem querer ia pisando a vida, porque todos aqueles grãos de areia eram partículas de um todo, vivo e também apaixonado como eu, pela vida que sem me aperceber ia deixando escorrer das minhas mãos ávidas de sentir. De sentido.
Olhei o mar lá ao fundo, onde já não o conseguia vêr e senti-me completamente perdido.

Sem comentários: