segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Realidades

Olho à minha volta e procuro encontrar realidades naquilo que imagino. E não me sinto a amar demais, doutra forma não seria amor o que estaria a sentir. E procurei Deus como se estivesse cansado de me encontrar com Ele às escndidas para podermos brincar aos casamentos morganáticos, românticos, lúgubres, como se me tivesse morrido a vida.
E estava escuro, e havia nevoeiros numa alvorada mortiça, em que me afastava de mim com pena de me ter perdido e não O ter encontrado.
Não sei se a morte tem sentido para mim, se ela é a própria falta de sentido, se é a tal "vaga fantasia" ou se é só uma intuição de quem dela se está já a aproximar sem se dar conta.
As doenças continuam a inventar a morte, e a morte, oh! paradoxo, é quem no fundo as inventa. Não penso muito nisso, ao contrário do que alguém poderia pensar. Mas sinto que gostava de ter como amigo um Catilina qualquer, que me ajudasse a vituperar a vida, que no fundo é uma forma de morte. Sempre.
Até parece que acabei de ler Soren Kierkgaard, mas não é verdade. Já o li há muitos anos e lembro-me muito bem de quando ele disse que "contudo, um dia Lázaro também morreu".
Mas Deus não, posso assegurar que não, e que, pelo contrário, continua vivo e de saúde, por mais que ao longo da história o tenham tentado matar. Os "filósofos da morte de Deus" é que já devem ter morrido todos. É isso, só me resta fazer com Ele um casamento morganático, para que ninguém nos veja e possamos ser felizes um com o outro, livres de ciúmes e de invejas. Livres, como só com Ele algum dia me poderei sentir.
E isto tudo, esta confusão toda de estar aqui à conversa comigo, e com mais alguém que vou inventando ao longo da conversa, a procurar encontrar realidades naquilo que imagino, só me diz e volta a dizer, que não amo demais, senão não era amor o que sinto.
Quanto muito tenho que aceitar que me achem egoísta em só O querer para mim. Mas também não é verdade: sou suficientemente lúcido para saber que só O tenho na medida em que O dou e O reparto contigo, meu Amor. Estas são as minhas realidades, por muito pouco reais que elas sejam. Pelo menos sonho-as. E sonho-O.

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