segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Vou crescendo, neste desejo de viver que me vai matando, quanto mais cresço, e vou morrendo quanto mais vivo e a pouco e pouco vou sendo, um círculo em que me vou alargando, como se fossem os círculos que uma pedra faz quando cai na agua. E vou sendo círculos "ad infinitum", ao perder-me pelo mar do meu descontentamento, e continuo a ser círculo até morrer, feito de círculos de espanto e de incerteza, até me sentir a morrer de imortalidade e beleza.
A verdade é que ninguém me perguntou se eu queria nascer e viver. E sei que também ninguém me vai perguntar se quero morrer. Sou uma coisa que acontece e vai sofrendo transformações. Sou uma coisa com várias cores, com vários sons, sou uma coisa que pode olhar para tudo porque tenho mil olhos, espalhados por todo o corpo. E como sou uma coisa não morro, vou durando, mesmo que me desfaça em pó.

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