sábado, 28 de novembro de 2009

A reflectir

Faço da vida uma reflexão permanente sobre a Vida. Sobre mim e a minha relação com o mundo que me rodeia. Quem amo e como amo, nas suas múltiplas e inesgotáveis formas. Em que conta me tenho e para onde posso crescer e ser mais. De ter a capacidade de ser sempre outro e continuar a ser sempre eu. Ser Vida e não ser.
Sei e sinto que todo o presente se transforma rapidamente em passado, já que o presente não passa de um ponto perdido no tempo. A questão é que gosto de gostar, e gosto de muitas coisas, e gosto delas de muitas maneiras. Desdobro-me numa espécie de heteronimia, não só minha mas de tudo em que me sou. E admiro-me quando entro em conflito com tudo isso, porque à partida duas coisas boas não podem ser contraditórias. Mas às vezes são! É um mistério, como é também sempre um mistério esta vida por que todos, de uma maneira ou doutra, passamos. E eu passo. Toda esta complexidade é o meu modo de pensar e de ser, onde me encontro e encontro riquezas éticas, estéticas, literárias, artísticas e sobretudo de uma afectividade que não se esgota, mas que me esgota. Continuo a ser um aventureiro do espírito, um viajante da vida e dos comportamentos de encontro e de desencontro por que nela vou passando. E as minhas mãos descrevem numa mímica muito minha, o que tenho a dizer da alma, e os meus pés escrevem com as passadas que dão nos areais do meu descontentamento, os meus sentimentos. E todo o meu corpo dança em ritmos e coreografias às vezes alucinantes, este encaminhar-me para a lucidez, para a liberdade de ser eu. E não ser. Alfa e ómega das minhas reflexões. O alfa e o ómega que me constrói e destrói, de que me faço e desfaço, de que me sou e não sou.

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