segunda-feira, 13 de outubro de 2008

esta inquietação

Esta inquietação, esta busca de infinito, de eternidade. Esta agonia (enquanto luta, se formos à sua etimologia grega), entre o Eros e o Tanatos, a vida e a morte, a vida e a morte dos ideais de que me faço, em que acredito e em que me transcendo e que vejo ameaçada pela pequenez do mundo que me rodeia e em que tantas vezes me afundo, me desfaço.
A convicção que me resta é que é sempre Tanatos quem vence. Mas também me resta a pergunta: Vence o quê? Vence quem?
Não sou, definitivamente, um discípulo de Schopenhauer, não sou um pessimista. Mas como se chamava Artur, o nome de um amigo que muito amo, também eu encontro a liberdade quando me dedico à arte. E como discípulo de Ovídio, desse sim, da sua Arte de Amar. 
E Ovídeo morreu, mas não a arte de amar. Será que Tanatos venceu? Claro que não!
Começo no entanto a duvidar de muitas coisas, porque sinto ruir à minha volta, ideias, valores, sentimentos que sempre imaginei que existissem nos outros, e que muitas vezes constato que só não existem de facto, por medo, por preconceito, porque sendo aves capazes de voar como as águias se contentam em ser aves de capoeira. Por cobardia, por hipocrisia.
E confronto-me com o não. Com o não porque sim. Mais nada, absolutamente mais nada. 
E isso pesa-me, esmaga-me, torna-se-me num fardo impossível de suportar, porque cada vez estou   mais fraco, cada vez mais perto do fim.
E sinto que a vida me agride, só porque a quero viver. De todas as maneiras, como dizia o Pessoa. Plenamente, sem barreiras nem fronteiras, sobretudo, sem farisaísmos hipócritas. 
Sócrates, ao morrer, terá exclamado: "meus amigos, não há amigos!"
Mas eu nisso não sou nada socrático, porque ainda acredito nos Amigos e na Amizade embora saiba que não sou um amigo fácil de compreender e de aceitar.
Mas sou Amigo e sei muito bem o que é Amar.

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