Não sou o poeta do SÓ, nem me chamo António... mas sou Pobre, como ele assinava as cartas que escrevia de Paris. E sou Pobre, porque vivo no meio desta pobreza toda, de espírito, no meio desta ignorância de não se saber a diferença entre o Belo e a Beleza, nesta pergunta constante de saber quem sou eu, afinal. E sou pouco. Ou nada. Sou Pobre.
Ele, o poeta do SÓ, escondia as cartas que escrevia à Mãe, no fundo duma gaveta da cómoda, "atadas com um retrós/ não vá alguém lê-las/ e rir-se do que nos comove a nós".
É isso, o que tenho que esconder, para que outros não se riam do que me comove a mim, a nós, a ti, a quem amo tanto. Tu, de quem faço o outro, sem me preocupar em saber quem és. És! basta-me que sejas. E o que me rodeia é uma gente, uma espécie, que não é. Nem quer ser. Conforma-se com viver. A capacidade que terá de existir, de ec-xistir e portanto de se auto transcender, não lhes importa, não faz parte dos seus sonhos, do seu quotidiano, se é que sonham, se é que têm um quotidiano.
Eu sonho, é uma das formas de me ser livre. E é importante saber que sou, que me posso autotranscender, e Ser. Se quiser. Mesmo se não puder! Mas sou, apesar de tudo e de todos, porque a minha vida é um mundo. O meu. E de quem o quiser e puder partilhar.
E é meu e não é, se de facto sou verdadeiro, ao dizer que também é de quem o quiser partilhar. Comigo. Com este mundo de que me sei parte. Ou todo. Porque, em boa verdade, meu, meu, SÓ mesmo aquilo que dou.
1 comentário:
...e passou pelo meu blog...que alegria...é efervescente esta sensação..obrigada...
Sabe...tenho bastante dificuldade em conseguir escrever uma história, em arranjar um fio condutor para os meus pensamentos...isso bloqueia-me acabo por escrever apenas sensações e ideias vagas...tenho um medo frio quando penso nisso...
Um beijo
Maria
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