sábado, 13 de setembro de 2008

BERNARDO

Hoje vou pôr aqui uma carta que escrevi ao meu neto Bernardo, a segunda. À primeira chamei "Requiem  Para Um Gesto Inacabado", e ainda consegui que fosse publicada no "Cartas e Outros Contos", que na altura já estava no prelo. A esta chamo só :
BERNARDO 
Há dois anos escrevi-te a primeira carta, uma carta sofrida, feita de dor e desespero, numa quase louca revolta por me sentir a perder-te. E nunca mais parei de te escrever, cartas que só tu lias , na minha imaginação em sofrimento. Sim, nunca mais parei. Quotidianamente te escrevo, e falamos, pois passaste a ser para mim e para a Avó Gégé, o nosso Anjo S. Bernardo.
Não foste beatificado nem canonizado pelas leis da Igreja. Mas foste-o pelas leis do Amor que te temos e de que o Senhor, estamos certos, também abençoou.
De todos os sete netos és o mais querido, porque só te pudemos amar em pensamento e em espírito, duma forma ideal e transcendente.
O Senhor não te salvou a Vida, mas salvou-te da Vida, desta vida tão cheia de más vivências, convivências, interpretações, desilusões, traições e faltas de amor.
Ao menos contigo pudemos manter a relação mais pura de todas, em que nada nem ninguém interfere para a puder estragar, para lhe tirar o brilho que naturalmente tem por ser tão Divina.
Continuas a ser mais deus do que homem. E é nessa condição que te pedimos que nos ames cada vez mais, e que nunca deixes instalar entre os que te amam, mal entendidos, ressentimentos, desamores.
Com esses olhos que nos ajudam a tudo aceitar, a tudo compreender, a tudo perdoar, e, se perdoar é dar duas vezes, que nesse perdoar se contenha e multiplique até ao infinito o amor que devemos ter uns pelos outros, ao sentirmos que nos olhas e nos amas nesse gesto feito de paz e além,  ao sentir como é diferente o amor que por nós tens.
Até amanhã, meu Anjo S. Bernardo, e cá vou continuando a dar-te os meus beijos "franjados de infinito".
O Avô Zé Manel 

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