Modesto Mussorgski tinha um amigo, Victor Hartmann, pintor e arquitecto que morreu enquanto uma sua exposição decorria. Em honra do amigo, Mussorgski compôs a célebre suite para piano, "Quadros de uma Exposição".
Eu não componho nada para os meus amigos que pintam, mas escrevo, e agora resolvi pôr aqui vários pequenos textos que escrevi sobre quadros em exposição, sobretudo pintados por um amigo de quem gosto muito mas não só dele.
V. E. consegue dizer a pintura e o desenho, como só ela, criando um alfabeto de imagens e símbolos, mas também de palavras, muitas vezes invertidas, desconstruídas, onde se pode ler a angústia perante o corpo interdito
Esse "locus infectus" da tradição, e a "virgo non intacta" que é nestes trabalhos feito de ansiedades e sonhos perdidos, feitos de sonhos por conseguir, feitos do que por fim alcançam : o traço que cria, que imagina e simboliza, que sente e faz sentir uma alma que procura.
Depois vem a cor, quase sem cores, no fundamental, primordial preto e branco, deixando o verde e o encarnado para o mais fundo de uma semiótica, que transporta em si mensagens para serem interpretadas por quem, na impossibilidade de simbolizar, diaboliza.
Ao definir com este alfabeto, emoções e sensações, que no fundo têm a ver com todos nós, V.E. consegue transmitir uma inquietação criadora, que nos faz pensar em como ser de outras formas, formas ao nosso alcance mas de tantas formas reprimidas.
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