terça-feira, 26 de dezembro de 2017

A relação

Ontem disse algumas coisas sobre Arte, e se abordei a música, a pintura e sobretudo a minha paixão pela escultura, hoje continuo refiro-me à arte da relação, uma arte de quem todos falam mas de que possivelmente poucos conhecem em profundidade já que ainda por cima sou um velho apreciador, leitor e estudioso da obra e do pensamento de Martin Buber, que além de ter escrito um livro que teve uma grande influência no meu pensamento, "EU-TU", disse que para além do que vem escrito no Génesis, que "no princípio era o verbo", ele acrescentava que "no princípio era a relação". Foi muito com o pensamento dele e de mais alguns grandes pensadores do século XX, que fundei em Portugal a Licenciatura em Psicopedagogia Curativa, hoje Pedagogia Clínica, dando o nome à profissão reconhecida em Diário da República como a de Pedagogo Clínico. aliás o quarto país da Europa, já que só existia na Alemanha (onde fiz um mestrado e conheci esta disciplina), na Suíça e na Bélgica.
Mas falava eu de relação, e por extensão, da arte do convívio, quase que numa continuação da "Arte de Amar" de Ovídio. E na relação basta o olhar, como nos é hoje bem patente, o olhar, só o olhar que havia na paixão que Da Vinci manteve longos anos com o jovem Gian Giacomo Caprotti, conhecido apenas por Salai.
Os traços que se fazem com os gestos, as palavras que se dizem e chegam a ser ternas melodias, os pensamentos que se expressam e se comunicam cheios de coloridos que podem fazer lembrar campos de flores, por exemplo de girassóis, à Van Gogh, além do que fica por verbalizar porque só os olhos dizem, às vezes com vergonha de não serem entendidos, a relação, o convívio, e que é muitas vezes um fado falado como o que tão bem sabia dizer João Vilaret, ou nos "Quadros de uma Exposição" de Modest Mussorgski, em honra de uma relação de grande amizade que ele tinha por Victor Hartmann, arquitecto mas também pintor.  

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