sábado, 30 de dezembro de 2017

A banalidade

Sou um inimigo nato da banalidade, de tudo o que para mim possa ser vulgar. A mesmice, a pequenez de espírito, o viver a vida só pela metade, o não ser capaz de ser si mesmo e fugir à carneirada, o poder voar como as águias mas contentar-se em ser ave de capoeira, irrita-me, quase me leva a gritar a plenos pulmões contra a estupidez humana, na praça pública e envergonhar aqueles a quem sirva a carapuça. Mas como disse Schiller e eu cito no meu primeiro livro "A Decadência do Sonho",  "até os deuses lutam em vão contra a estupidez". E às vezes em pessoas que eu penso que pensam, que são inteligentes e minimamente cultas. Apetece-me bater-lhes, ser bruto, abaná-las, não para caírem no chão, mas para caírem em si.
Por causa disso tenho arranjado inimigos (não diz um provérbio árabe que quem não tem inimigos não tem valor?), vivido mal entendidos, apedrejado como iconoclasta de mitos, preconceitos e de farisaísmos hipócritas. Mas não me rendo, não consigo ser banal, e no dia em que o for, então é porque estou a igualar-me a essa maioria que desprezo. Não, não sou, nem espero ser algum dia, nem politica nem socialmente correcto. Não embarco nessas fantochadas, senão, não sou eu, mas uma outra coisa qualquer, que os outros fizeram de mim. E como disse Jean Paul Sartre no seu "Testamento" o importante não é aquilo que os outros fazem de nós, mas o que nós mesmos conseguimos fazer daquilo que os outros fizeram de nós. É mais ou menos isto, mas fica o sentido.
Igual à carneirada? Espero que nunca. Só serei igual aos outros quando morrer, até lá Deus deu-me talentos para pôr a render.

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