domingo, 26 de novembro de 2017

AMIZADES

Foi um grande Amigo

À medida que os anos passam, dou comigo a pensar noutros tempos "que já lá vão", noutras pessoas, noutras paisagens, em coisas que senti, fui sentindo e já não sinto. E hoje resolvi pôr-me aqui a escrever sobre recordações, sim, recordações e não lembranças, porque é com o coração que as recordo.
Tinha eu uns 16 anos. Nas festas de Paço d'Arcos, onde eu vivia e vivi até me casar, surgiu a ideia de se representar uma peça de que já não me lembro do nome. O Padre Luigi Nesi, italiano, era um missionário Comboniano grande entusiasta de teatro que pediu a um rapaz nosso colega no Liceu de Oeiras, o  Luís Joyce Moniz, escrevinhador já naquela altura mas que até veio a ganhar um prémio de teatro mais tarde, para organizaer e ensaiar o grupo.
Depois apareceu o Luis Benito Garcia, muito mais velho do que nós, mas entusiasta ferrenho, por tudo, mas sobretudo pela vida. Tornámo-nos amigos, apesar da grande diferença de idades, e foi uma pessoa extraordinária que me ensinou muito, me deu muito.
Hoje guardo dele uma recordação terna, e um livro, o único que publicou e só para dar aos amigos os Ditirambos, numa edição bilingue de português e castelhano. Era oriundo do vale de Salazar, em Espanha, e apesar de rico, era quase um sem abrigo. Só escrevia poesia e a mulher, norueguesa, pintava. E faziam filhos. Quando morreu deixou dez filhos e um vazio muito grande dentro de mim, porque foi na verdade um grande amigo.

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