sexta-feira, 1 de julho de 2016

A nossa sociedade

A nossa sociedade faz homens, lato sensu,  mas não faz pessoas.
Ora começando pela Abordagem Centrada na Pessoa, do americano Carl Rogers, modelo que sigo há muitos anos, e acabando na Abordagem Pessoana, tão portuguesa, em que por exemplo no "Livro do Desassossego", de Bernardo Soares, esse desassossego inerente à criação é patente, ou como diz nas "Páginas Íntimas e de Auto Interpretação" , "não sei quem sou, que alma tenho", é a angustiante pergunta de tantos jovens que a toda a hora nos rodeiam, e até dos menos jovens como eu, que me hei-de perguntar sempre enquanto viver, não sendo no entanto original, porque desde sempre se faz, e sem recuar muito se chega por exemplo  a um quadro de Gauguin,, olho à minha volta e só vejo gente para quem nada disto faz sentido, vidrados num hedonismo decadente, que me faz pensar no fim de uma civilização, no fim de uma cultura.
Voltando a Pessoa e ao seu "sê plural como o universo", não é  nisto que entendo procurar uma educação pela liberdade, se se quiser no que vem no próprio livro de Rogers "Liberdade  para Aprender", mas numa tão rotunda encadernação dos cérebros das crianças e dos adolescentes, que não aprendem nem a viver nem a pensar. É jean Paul Sartre, no seu "Testamento", que é lapidar, quando resume maravilhosamente essa dialética da liberdade e da necessidade na qual a liberdade sai vencedora : o essencial, diz ele, não é aquilo que se fez do homem, mas aquilo que o homem fez daquilo que fizeram dele. Ora só ensinando se aprende e é só aprendendo que se ensina. Como dizia o grande pedagogo que foi António Quadros," só serei mestre se conseguir fazer discípulos"

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