sábado, 1 de junho de 2013

Um instante

Um instante, que deverá durar sempre, que um dia teve um começo, mas a que nunca se lhe conseguirá conhecer o fim. O instante, que é feito da eternidade do instante. Só disso, o que é imenso!
Um instante, apenas um instante, é a poesia do tempo que revisito sempre quando me sinto, quando me penso, quando me perco em devaneios e outra formas de ser lúcido.
E esse instante que permanece em mim é o instante que me faz manter vivo, e em que a minha sensibilidade poética é uma reminiscência do gesto, de quem abandona a luta e se retira da arena, ou do palco desse imenso teatro que é a vida.
Há uma crueldade nisso, e há também um qualquer sentimento que chega a ser obsceno porque contém em si, um olhar devasso que olha mas não vê. Pressente.
Enquanto vivo sinto que vou poluindo o ar à minha volta, e as interpretações das pessoas e os actos que resultam delas, são olhares que se perdem no vazio da incompreenção de tudo o que escrevo, nesse ar, cada vez mais poluído.
Sou poeta enquanto ausente de mim, mas sou eu enquanto consigo ser o poeta que vive em mim.
E tudo é um instante, no instante de ser instante.

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