sábado, 8 de dezembro de 2012

Sonhei

Sonhei que tinha sonhado um sonho, em que a Vida era alguém que queria matar-me o sonho.
Tentei perceber a Vida, mais uma vez, mas quanto mais dela me aproximava mais ela de mim fugia.
E ainda ensonado, meti as mãos nos bolsos das minhas fantasias e fui passear-me pelas margens de todos os sonhos que eu já tinha sonhado mas me tinham sido devolvidos.
Mas de repente encontrei-me com um, perdido, entre umas fragas da Serra aqui tão perto. E voltei a sonhá-lo, e dei comigo a olhar à minha volta à procura de encontrar cogumelos venenosos com que pudesse fazer uma poção mágica para envenenar os meus pensamentos tristes. Mas os meus pensamentos tristes disseram-me que não passavam de sonhos, dos muitos que eu tantas vezes sonhava.
E sentei-me na borda de um fraguedo e chorei pensamentos que nunca tinha conseguido chorar e que me escorriam secos mas livremente pela minha cara abaixo.
Do outro lado, por entre o arvoredo, descortinei pedaços de um arco íris e por trás dele, lá estava o azul dos teus olhos a dizerem-me coisas ternas.
Caí de joelhos e pedi perdão à Vida enquanto lhe dizia também o quanto lhe estava grato por te ter posto no meu caminho.
E voltei da Serra já com os bolsos cheios de esperança. E de outros sonhos, também.

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