domingo, 4 de março de 2012

Pus-me à escuta

Pus-me à escuta do tempo, e daquele local onde costumava ficar parado a olhar para mim. Nada me disse nada. E quando reparei, muitas coisas tinham acontecido, a vida tinha continuado e eu para ali estava a olhar para o tempo na esperança de que ele me dissesse alguma coisa. Ou aquele local exitisse e me pudesse encontrar nele, e pensar-te.
Sei que me passeio vezes sem conta pelos meus imensos mares interiores, sempre à procura de ilhas encantadas onde pudesse usufruir desse supremo prazer, que é descansar. E vou à tona da água, como se fosse à tona de mim, e a água fossem dias feitos de sal, de espuma, de tempo e de um horizonte que cada vez estivesse mais longe de mim.
Depois a realidade disse-me que talvez não fosse bom ir pela "espuma dos dias", dos afazeres e das amizades que invento mais do que vivo, sempre sem nunca encontrar a minha e só minha ilha dos amores. A amizade perfeita!
A verdade é que não tenho nenhum Jano para me ajudar e como só posso ver de um dos olhos ainda me é mais difícil ver terra. Canso-me a nadar sem Norte, e sem Sul, por ver ambos ao mesmo tempo e exito como o Burro de Buridan e perco-me no tempo e nesse mar imenso onde inevitavelmente me afogo.

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