domingo, 4 de março de 2012

Longe

É quase como ir morrer longe, já que tenho vivido sempre longe. De mim.
Mesmo neste mundo que inventei com costumes e línguas que muitas vezes não entendo, mas que fui eu quem o criou, como Tolkien, nunca lá estou, porque quem lá está é uma representação de mim. Eu estou sempre longe num não-lugar que invento para me sentir em paz.
Não, ainda não cheguei a sonhar-me noutras eras. Nem me sinto ainda capaz de ser uma árvore ou uma pedra animada, por mais que leia "As Três Matérias" do Stefan Lupasco.
Só consigo viver comigo quando de mim me afasto. Sou assim. Sou o próprio longe onde me sou, longe de mim.

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