Escrevi até ao cansaço, até à exaustão, escrevi até à dor que se me firmou como uma estaca acerada no meu peito pecador, feita dessas páginas esqucidas, de um livro que nunca abri e onde me confessava de como me tinha perdido por ti.
Depois as minhas confissões fizeram eco, e fui ter com Eco a pedir-lhe que me encontrasse Narciso para vêr se os olhos dele me mentiam. De beleza.
E depois fui a flôr, os lagos, as fontes e esse poço sem fundo onde me perco e sou a dançar nos braços nus das ninfas dos bosques. E dancei o que nunca ninguém dançou.
E confesso tudo isto usando palavras que invento, a escrever com tintas sem côr, nem cheiro, em páginas feitas de vento. Em páginas feitas de mim.
Depois confessei que já tinha sido tudo isso e de joelhos pedi a absolvição, arrependido.
E escrevi mesmo que nunca tinha escrito o que escrevi
Sem comentários:
Enviar um comentário