segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Deambulei

Deambulei pelas veias do teu corpo, como quem percorre caminhos que se cruzam, entrecruzam, se fecham ou se abrem a outros caminhos ainda.
Subi e desci rios e montanhas, palmilhei por estreitos e ravinas onde pensei cair, e não voltar e ser para sempre esquecido.
E passei por ti tantas vezes, que as juntei todas para apenas serem uma, quando te vi. E todos os caminhos acabaram aí.
Depois, estrela cadente de mim, desapareceste no firmamento do meu olhar, e fiquei, grão de areia, partícula de feldespato, levado pelo vento por desertos e desertos sem fim.
Depois foste gesto e sinal, foste o vaso onde plantei flôres exóticas, foste claridade e som, foste carne e cama e foste a espuma que derramei por entre os dedos, e que depois cheirei como quem come, que cheirei como quem vê, já cego, entre o piar dos pássaros, e com eles parto então, à procura de outras madrugadas.

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