sábado, 10 de dezembro de 2011

Os Prados

Dos prados que pinto, mesmo que só com os pincéis da minha imaginação, espero sempre que me digam alguma coisa. Sempre tive, dentro de mim, essa esperança secreta de um dia os conseguir ouvir a falarem-me ao ouvido, num sussurro, como me sussurra sempre ao ouvido o vento dos meus sentidos, esses ventos que por mim passam, perdidos.
E fico à espera que me perguntem quem sou, como sou, do que gosto, no que penso, para assim começar a nascer entre nós uma amizade que sonho seja, pelo menos tão bonita, como os prados que pinto na minha imaginação.
Mas não oiço nada, por mais que espere. Os prados ficam calados, talvez por timidez, chego até a pensar. Se calhar como eu também. Há coisas em que somos tão parecidos!
Só depois é que descubro, numa quase exaltação, que esses prados me falam, sim, e me dizem coisas ternas nesse silêncio que eu não sei escutar, e de que não me consigo preencher.
E chego à conclusão que viver, e sentir o que se vive, é ficar só, a escutar o silêncio e a olhar a terra e o mundo com os olhos cheios da ternura que se tem pelo amigo que se ama mas não se consegue entender.

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