sábado, 17 de setembro de 2011

O Tempo

O tempo passa por mim. Passa por todos nós. E começa a deixar-me marcas na pele, manchas próprias da idade que são como que as cicatrizes dos muitos combates que já travei com a vida.
E a saudade de outros tempos, fica como que a tatuar-me a alma, como faziam tantos dos meus camaradas de armas, de quando estávamos na Guerra em África. Só que eles tatuavam nos braços os nomes das mães ou os das namoradas. Eu sempre me tatuei de tempo, e continuo a tatuar-me de tempo, porque acredito que o tempo tem essa tarefa: deixar em nós a sua marca para que nunca nos esqueçamos que ele, quer nós queiramos quer não, não só vive connosco, como vive de nós.
Para mim a morte é ter-se-me acabado o tempo, porque o tempo deixou de me ter, para, por sua vez, poder ele, também, viver.
Mas como sei que há o tempo que se mede e o tempo que se sente, não me importo. Morrer é então deixar de poder medir o tempo, para passar a senti-lo apenas.

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