domingo, 26 de agosto de 2012

Desiludi-me

Desiludi-me contigo e resolvi largar tudo o que a ti ainda me prendia.
Não, eu não morri, nem sequer para ti, mas apenas pensei, não que pensava que já nada valia a pena, e muito menos pensar. Nada disso! Comecei foi a pensar que as árvores e as pedras também devem poder pensar.
E a desilusão encaminhava-se para mim como uma nuvem escura, uma trovoada. E a febre que me aqueceu o corpo todo, foi feita de viagens, por onde fui sendo sempre eleito por mim, poeta morto.
Foi quando me tornei um mitógrafo do que sentia, enquanto nómada, e percorria, este meu deserto interior, a buscar oásis, numa quase necessidade de sofrer para poder saber ao certo o que é na verdade o sofrimento. E descobri que o único sofrimento é esquecer.
E senti-me sem outra cultura que não a que terão as árvores, os grãos de areia, os pingos de chuva que no entanto também se movem embora talvez não saibam para onde nem porquê.
Parece-me evidente que não serei o único animal que pensa, mas estou convencido que sou o único que pensa que não é animal.
E isso desilude-me profundamente porque nunca pensei ser capaz de pensar assim.

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