sábado, 24 de março de 2012

Na tela

Na tela que tenho no cavalete à minha frente, nesse pequeno espaço em que acabo sempre por me pintar, um pouco à Michelangiu Merisi, mais conhecido por Caravaggiu, por lá ter nascido, sou preso de um medo estranho, quase pânico, e fujo de mim, e não só daquele pequeno espaço em que me sinto, ou pinto, mas para um outro espaço sem fronteiras, o espaço de que me faço, e sou, muito para além desse quadro de mim.
E lembro-me daqueles contos orientais da Marguerite Yourcenar, e apetece-me também entrar no barco que pintei, e ir pelo mar fora até o não sei onde.
Rasgar fronteiras, e geometrias e espaços por onde só ando porque não tenho limites no que me penso. Nem no que me pinto.

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