E Mozart soube-me a tantas coisas, e a morangos silvestres, e a Ingmar Bergman, e Chopin lembrou-me a George Sand, e a sua eterna tristeza pela Polónia perdida e querida, e Sibelius fez-me dançar a "Valsa Triste", que um dia um amigo me deu dizendo que ela ficava como hino da nossa amizade e a Hubay vi-o nitidamente no seu palácio em Pest, do outro lado de Buda, a compôr para a mulher a "Sonata Romântica", que ela quiz ouvir à hora da morte enquanto Budapest era invadida.
E ficou-me a recordação de tudo. De tudo isto misturado, numa música só, em que tu, meu amor, tocavas todos os instrumentos ao mesmo tempo enquanto regias a orquestra de ti, e eu me perdia a cavalgar ondas de um mar longínquo.
Não tive mais gestos nem olhares para me aproximar de ti. O teu corpo não é tangível!
Aproximemo-nos sim, mas pelo espírito.
Na parede "O Grito", de Munch.
E também eu senti o grito infinito da natureza. Também me senti.
Sem comentários:
Enviar um comentário