terça-feira, 26 de dezembro de 2017

A ternura

A ternura que tantas vezes se sente apenas num abraço ou num beijo de despedida é também uma obra de arte, com o seu quê de aventura e vagabundagem, da vivência de uma infinita liberdade, numa convivência e numa cumplicidade só entendida por quem se abraça ou se beija, que são outras notas de música, para além das que Guido de Arezzo criou, e que são cores e telas, poemas calados e escondidos nos sentidos de quem ternamente ama, ou em que até se esculpem caras, gestos e sorrisos, olhares, e tudo isto numa ribalta que é a vida.
A ternura que se sente por uma criança ou por alguém que se ama desmesuradamente, mas que também se pode ter por um quadro, por uma escultura ou por uma nota musical, por uma voz que canta ou por uns olhos que choram, por um soneto ou um conto de Natal, pelo olhar perdido no nada de um velho pobre e vagabundo. Talvez nisto esteja apenas contida a Arte de Sentir.

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